Embora o conceito de tradutor certificado/oficial exista noutros países, em Portugal não temos tradutores oficiais, pelo que qualquer tradução que tenha de ser certificada terá de o ser num notário, por um advogado, solicitador ou na Câmara de Comércio. Deve notar-se, porém, que tal certificação não quer dizer que as entidades conferem a tradução. Uma tradução certificada por um notário (ou advogado) apenas consiste na certificação da identidade do tradutor que afirma que a tradução é fiel ao original apresentado e assina o documento, assumindo responsabilidade pelo mesmo. Isto torna a tradução certificada válida em Portugal. Quando, por exemplo, necessita de certificar um documento traduzido para inglês a fim de ser entregue no Reino Unido, a coisa já muda de figura. Ainda que também não existam tradutores oficiais no Reino Unido, o Ministério do Interior britânico, bem como muitas universidades e ordens profissionais, prefere que as traduções para inglês sejam certificadas por um membro qualificado do Institute of Translation and Interpreting (ITI) ou do Chartered Institute of Linguists (CIOL). Neste caso, a tradução é certificada pelo próprio tradutor qualificado que, se for membro do ITI, coloca o selo de certificação ITI na tradução, juntando à mesma uma declaração afirmando que é fiel ao original apresentado. Os membros qualificados do ITI e do CIOL podem também certificar traduções para outros países, porém é sempre melhor confirmar com a entidade à qual vai submeter os documentos que tipo de certificação pretende. Algumas entidades ou países apenas aceitam certificações feitas pela sua embaixada ou consulado e, por vezes, solicitam que a tradução seja apostilada. O mesmo se aplica a traduções em português certificadas. Portanto, embora qualquer pessoa em Portugal ou no Reino Unido possa fazer uma tradução, certifique-se que as traduções de que necessita sejam feitas por um tradutor profissional, para que sejam feitas como deve ser. - De acordo com o parágrafo 8 do artigo 49º do Código do Registo Civil, os documentos emitidos num país estrangeiro, em conformidade com a lei local, quando redigidos na língua inglesa, francesa ou espanhola, a serem apresentados para atos de registo não necessitam de ser traduzidos desde que o funcionário competente domine essa língua?
- De acordo com a alínea e) do parágrafo 1 do artigo 68º do Código do Notariado, um tradutor não pode traduzir nem certificar a tradução de documentos para o seu cônjuge ou parentes e afins em linha recta ou em 2.º grau de linha colateral?
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A chuva habitual deu tréguas na maravilhosa cidade de Cardiff para acolher cerca de 340 tradutores e intérpretes oriundos de todo mundo para a conferência do ITI de 18 a 20 de maio de 2017. Com o tema “Trabalhando as competências base: para uma profissão (mais) sólida”, tanto tradutores e intérpretes tivemos a oportunidade de aprender novos métodos e estratégias de trabalho e partilhar dicas para melhorarmos e eventualmente expandirmos o nosso negócio. Foram dois dias intensos de apresentações, mas com agradáveis pausas para tomar um café ou chá e conversar com colegas e estabelecer contactos. Uma coisa que posso afirmar é que somos (nós tradutores) um grupo bastante barulhento quando nos juntamos – talvez pelos longos períodos de isolamento que passamos. Quiçá? Houve sessões dedicadas aos tradutores, outras aos intérpretes, mas não foi por isso que deixámos de assistir a todas as que conseguíamos e por vezes a escolha era difícil. Achei bastante interessante que os intérpretes, e não só, tivessem à sua disposição para os que quisessem experimentar, uma cabine de interpretação para poderem acompanhar as apresentações que decorriam no salão principal, para se aperceberem do quão difícil esse trabalho é. Como o foco era nas componentes base da profissão, falou-se em terminologia, revisão, especialização e na importância da teoria na tradução. Mas também se falou na ética e temas mais politica e socialmente sensíveis, no futuro, na escalabilidade e expansão, e no estado da indústria em si. Sim, a indústria está cheia de bons e maus tradutores que se vendem a “preços de chuva”. Há agências que praticam preços altos e apresentam um produto final de qualidade questionável e outras que exploram os tradutores, mas também há aquelas que pagam razoavelmente bem e há clientes finais à espera de serem descobertos. Quanto a estes últimos, é preciso “educá-los” pois no fundo não sabem avaliar o trabalho nem tão pouco o que a tradução envolve. Claro que não podia faltar o CPD, fundamental para nos mantermos a par das mudanças nas nossas áreas e adquirimos novas competências. O destaque aqui foi para duas plataformas que oferecem cursos gratuitos equiparados a módulos Universitários, a saber: FutureLearn e EdX. Há também um especificamente para a comunidade Francesa, FUNMooc. Em relação à FutureLearn, oferece cursos em várias áreas desde o ambiente, direito, línguas, TI, etc. Embora para muitos colegas experientes as questões apresentadas ou discutidas fossem óbvias, o balanço foi positivo pela troca de experiências e a confirmação de que estamos no caminho certo. Mas não foi tudo trabalho. Na véspera da conferência houve um evento de speed networking e durante a conferência, ao início da manhã ou final do dia, houve aulas de galês, corridas e caminhadas pela cidade, ioga, e encontros entre grupos de línguas. E claro não podiam faltar os tradutores cantantes e o jantar de gala que teve lugar no museu nacional na companhia de impressionistas como Monet, Renoir, van Gogh, Rodin ou Degas. Um evento que valeu bem a pena pelo convívio, os excelentes oradores, os convidados especiais Richard Lane Greene (que nos assegura que a língua Inglesa está cá para durar) e Susie Dent (guardiã da língua Inglesa), e pela camaradagem e apoio que se sente por parte dos colegas e especialmente do ITI. Daqui a dois anos espero rever os colegas que conheci, fazer novos contactos e trazer mais umas dicas para melhorar e consolidar ainda mais as minhas competências e crescer profissional e pessoalmente. |
AUTORA
Sou tradutora qualificada pelo ITI e com certificação ISO. ARQUIVO
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